domingo, 26 de outubro de 2008

O sanguinário bem-te-vi



Uma ave muito bonita, de peito bem amarelo, cabeça preta e branca escondendo um topete amarelo, bico e garras fortes e um canto inconfundível. Toda essa beleza esconde a verdaderia face desse pássaro.



Várias aves vem se alimentar aqui no pátio de casa. E comem juntas sem problemas. Mas quando chega o bem-te-vi, os pardais são os primeiros a voar embora. Os sabiás se afastam e as pombinhas, quando percebem a presença do bem-te-vi, se acocam ao máximo no chão e levantam um asa. Abrem todinha a asa, na vertical. Se o pássaro de peito amarelo chega a se aproximar mais, elas levantam as duas. E ficam ali paradinhas naquela posição. Se algum pássaro incomodá-lo é bicada na certa. Ele possui esse bico forte por causa de sua alimentação. É carnívoro. Se alimenta de pequenos moluscos, insetos e até de lagartixas. São caçadores natos e se ajudam na hora da caçada. Eu presenciei uma cena incrível. Um bem-te-vi voava atrás de um inseto, devia ser um besouro, ou uma mamangava pelo tamanho, ao se aproximar bicou o inseto que na mesma hora começou a cair. A bicada foi certeira. Mas por que ele não pegou o inseto? A resposta veio antes mesmo de eu terminar o pensamento. Um segundo bem-te-vi pegou o inseto que caia e os dois voaram em direção a uma árvore onde certamente iam fazer a refeição.
Para comprovar o instinto assassino desses pássaros aqui vão duas histórias realmente chocantes que eu não gostei de ter presenciado. A primeira foi a captura de um lagartixa. Ele a agarrou no bico e a levou ate um galho mais ou menos paralelo com o chão. Ali começou a bater a lagartixa no galho num lado e depois no outro. E assim fazem também com caracóis para quebrar a casca e conseguirem ingerí-lo.



Mas o pior foi a morte de um filhote de pardal. Ele estava com as duas asas quebradas, mas aqui no pátio estava protegido (de gatos, nos pensávamos) então poderia se recuperar convivendo com outras aves, no momento que se sentisse bem poderia ir embora. Mas não foi assim que aconteceu. O filhote de pardal não tinha pais, então se aproximava de qualquer ave para pedir comida, mesmo já conseguindo comer sozinho. As aves não ligavam pra ele mas tambem não o maltratavam. Já o bem-te-vi, deu duas bicadas que foram fatais ao pobre passarinho. Por isso toda vez que ele vem aqui, eu arrepio todas as minhas penas e grito bem alto e bem forte, para que ele vá embora. Aqui todas as aves são bem vindas mas precisam conviver bem entre si.

Aves e pássaros

É comum chamar qualquer ave que vemos de pássaro. Todo pássaro é uma ave, mas nem todas as aves são pássaros. As aves que podem ser chamadas de pássaros fazem parte da ordem dos Passeriformes, sendo esta a que tem mais representantes. São animais pequenos, que se alimentam de frutos sementes, insetos e pequenos invertebrados. Possuem quatro dedos em cada pata sendo que um é virado para trás.
E para não chamar mais qualquer pássaro de ave eu fiz uma lista dos mais comuns aqui da região do Vale do Rio Pardo:
Pássaros:
João-de-barro (Furnarius rufus), Tico-tico (Zonotrichia capensis), Sabiá-laranjeira (Turdus rufiensis), Pardal (Passer domesticus), Carruíra (ou corruíra, ou curruíra)(Troglodytes musculus), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), Sebinho (Cambacica) (Coereba flaveola) , Sanhaçu-papa-laranja (Thraupis bonariensis), Saíra , Chupin, suiriri-cavaleiro,
Sanhaçu-cinzento, Canário.



Não são pássaros:
Caturrita, Papagaio-verdadeiro
Periquito, Quero-quero, Rabo-de-palha, Rolinhas (pomba),
Coruja.

Um livro muito bom pra obter informações sobre aves do Rio Grande do Sul é Aves Silvestres do Rio Grande do Sul(o 12° livro), de William Belton (texto) e John Dunning (fotos). É um livro pequeno, de bolso, mas muito interressante por conter muitas fotos, principalmente das mais comuns. então se bater alguma dúvida quanto ao nome do animal, é só procurar no livro. O nome científico é conhecido igualmente em todo o mundo, o que pode causar dúvidas é o nome comum, devido as grandes diferenças de nomes em diferentes regioes do Brasil e até mesmo do Rio Grande do Sul. Por isso eu coloquei acima o nome comum dessas aves, o nome científico e o nome que eu conheço. Se souberem de mais algum nome podem me mandar pelo comentário.


Aves nas cidades


A diversidade de aves que vivem em centros urbanos é muito grande, e muitos estudos já estão sendo levantados com o que parece ser o aumento do números desses animais nas cidades. Convivendo com os homens, essas aves precisaram se adaptar as mudanças causadas pelo homem. Aqui, no pátio da minha casa, nas ruas da cidade (que é uma cidade de interior), nas praças (entre outros lugares), ainda se vê uma variedade muito grande de aves. Desde aves brasileiras mais comuns como sabiás, pardais, tico-ticos e joões-de-barro, até alguns que estão ameaçados de extinção como a tesourinha. E essa convivência direta com a cidade fez com que muitos deles mudassem seus hábitos, principalmente de alimentação. Por não encontrarem mais uma quantidade significativa de árvores futíferas, nem gramados onde possam caçar minhocas e insetos, eles acabam comendo restos de comida jogadas fora pelas pessoas. Farelos de pão são os preferidos. Em praças de alimentaçao abertas é comum vê-los caminhando pelas mesas (por cima e por baixo delas) atrás de um pedacinho de comida.




Para alimentar as aves que pousam no seu jardim, o melhor é colocar frutas e sementes (podem ser essas que vendem em supermercados que vem com bastante variedades), evite colocar restos de comida e pão. Outra mudança que ocorreu, foi na construção dos ninhos. Já vi pardal carregando até chiclete para fazer a "liga" do ninho.





As
andorinhas, que aparecem na primavera e vão embora no outono, preferem agora os vãos das telhas. E as carruirinhas fazem ninhos até mesmo em roupas penduradas no varal. Elas gostam também daqueles porongos que servem pra fazer cuias de chimarrão. É só fazer um buraquinho no porongo e pendurar em um local protegido.



quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Quero-Queros



Estive passeando esses dias, e encontrei quero-queros (Vanellus chilensis), também chamados de tero común pelos nossos hermanos argentinos. Eles fazem seus ninhos (aqui ao lado) durante a primavera com palha e gravetos, no chão, em campos abertos (por isso é comum ver quero-queros em campos de futebol). Quando alguém chega muito próximo do ninho, os quero-queros dão vôos rasantes, afim de afastar o intruso que é uma ameaça aos ovos e filhotes (que são bem bonitinhos por sinal). Além do quero-quero ser a ave símbolo do Rio Grande do Sul, ele é conhecido aqui no sul como "o sentinela dos pampas" pois pode ser ouvido até mesmo de madrugada, assim parecem nunca terem descanso, vigiando o ninho e cuidando uns dos outros.
Os queros-queros possuem uma plumagem bem branquinha no peito e nas asas são bem marrons quanto recem saem dos ovos (ali em cima). À medida que crescem vão ficando acinzentados como seus pais. Apesar de formarem casais agora na primavera, eles continuam defendendo seu grupo. Se alimentam de pequenos peixes, minhocas, e insetos. E o mais ineressante é a maneira que eles fazem para conseguir seu alimento: uma das patas vibra rapidamente no chão ou na água. No chão serve como guia de localizaçao das minhocas e para que os insetos saiam de onde estão escondidos, e na água serve como uma vara de pesca. Os peixes atrídos pelo movimento se aproximam e são capturados.



terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sabiá Laranjeira




Esse é o sabiá laranjeira, que tornou-se em 2002 a ave-símbolo do Brasil, seu canto é conhecido em todo o Brasil e se assemelha a uma flauta, que pode variar dependendo da convivência com outros pássaros, já que ele aprende a cantar. Agora na primavera é comum ver jovens sabiás ensaiando seu canto. Aqui no sul, eles costumam cantar apenas essa época do ano. Muitos afirmam que quando o sabiá começa a cantar é por que o inverno já foi embora. Se alimenta de pequenos insetos, minhocas e frutas, entre as preferidas estão o mamão, a banana e o abacate. Não apresentam diferenças na coloração entre o macho e a fêmea, ambos constroem o ninho, feito de pequenos galhos e plumas, e alimentam os filhotes.





segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A casa dos donos do campinho


O mais curioso ainda dos joões-de-barro (Furnarius rufus) é a maneira de como constroem seu ninho. Nem começou ainda a primavera e eles já estão cheios de barro nos pés e no bico. Vão de bicadinha em bicadinha de barro formar suas casas que são utilizadas apenas uma vez pelos joões-de-barro. No alto de postes, na quina de janelas, em cima do ar condicionado, lugares muito mais seguros e protegidos do que as árvores, eles constroem a entrada em espiral para proteger os filhotes do vento. Por isso muitos joões-de-barro tem as penas do rabo tortas. Após os filhotes crescerem e deixarem o ninho ele só volta a ser utilizado por outras espécies de pássaros como os pardais (Passer domesticus) e por pouco tempo, pois o sol e a chuva enfraquecem a casinha, que acaba se desmanchando.

domingo, 12 de outubro de 2008

"Os donos do campinho"


Alguém por acaso já percebeu como um joão-de-barro caminha? Não precisa muito tempo e já se percebe o porque do apelido. O joão-de-barro caminha com passos largos e peito empinado, ora ou outra abaixa a cabeça para pegar algum bichinho. Mas não foi só aquela pose confiante e tranqüila que me fez pensar dessa maneira. Além do jeito de caminhar, eles fazem toda a ronda no pátio, caminham tranqüilos, passando por cada cantinho como se fossem os donos do lugar, conferindo se tudo está ok.

sábado, 11 de outubro de 2008

Glória Pijam

Eu sou a Glória, tenho dois anos de idade, e vou mostrar um pouco do que eu observo da minha gaiola panorâmica para a rua. Eu gosto muito de observar as aves daqui da região que pousam no meu pátio, assim posso contar muitas histórias e costumes que geralmente não estão nos livros ou sites. Pra começar eu vou descrever um pouco de mim, que sou uma papagaia verdadeira (Amazona aestiva). Tenho certidão de nacimento e tudo mais. Gosto muito de observar pássaros, comer sementes e frutas, e de destruir coisas. Tudo eu tenho que tirar um pedacinho, deve ser algum instinto papagaístico. Quando eu fico brava minhas penas se arrepiam todas e eu dobro de tamanho. A minha bicada é muito poderosa, só mesmo pedras e metais que eu não consigo roer. A parte frontal do meu bico serve para furar e a lateral para cortar e na parte interna superior eu tenho um serrilhado que com o auxilio da parte de baixo eu trituro os alimentos, é como se eu estivesse mastigando. Como eu não tenho mãos eu seguro os alimentos com os pés. Conheci meus pais só depois de grande, quando fui visitá-los no Sítio Castañeda, onde eu tive meus primeiros cuidados depois do ovo.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Tico-Tico e Pardais

O tico-tico, apesar de ser um passarinho bem comum, aparece pouco aqui no pátio. E as vezes invade a minha gaiola para pegar comida. Muitas pessoas confundem o tico-tico com o pardal. mas os dois são bem diferentes. As fêmeas é que são mais parecidas. São passarinhos que convivem muito bem com outras espécies. As diferenças estão nas cores e penas. O tico-tico possui um rajado preto, branco e marrom, nas asas muito semelhante ao do pardal, mas na cabeça e pescoço estão as maiores diferenças, o pardal possui em baixo do bico e ao redor dos olhos, uma mancha preta, já o tico-tico possui um topete preto e no pescoço uma faixa vermelha. Ambos pássaros saltitam ao invés de caminhar, o que é muito divertido de ver. O pardal é um bichinho muito barulhento ainda mais agora na primavera, quando fazem uma fiasqueira na hora de correr atrás da fêmea. Os machos arrepiam suas penas e balançam rapidamente as asas, alem de "cantar", por que aquele som que ele emite está mais para um grito. Fora isso, brigam entre si pela fêmea, que voa desesperadamente fugindo de vários machos que voam e brigam ao mesmo tempo atrás dela.


Tico-Tico no Fubá!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sabiás brigam?

Assim como os sabiás-laranjeira começam a cantar na primavera, também começam a brigar. O motivo eu ainda não descobri. Se é por fêmeas que eles brigam ou se é com as fêmeas que eles brigam. Ou ainda se o que parece ser uma briga na verdade é uma brincadeira. Eu escuto o grito característico do momento e lá estão os dois pássaros engalfinhados numa perseguição enlouquecida um a trás do outro, um por cima, outro por baixo, até cairem com tudo no chão. Ficam meio atordoados, levantam, se localizam e voltam a voar freneticamente.